"
“Carteiros” era o nome carinhoso que chamávamos, na altura dos Toranja,
a quem só conhecia a “Carta” sem prestar atenção ao resto do nosso
repertório. Sabíamos destingui-los no fluxo de novo publico que
aparecia no concerto quando a começávamos a tocar, e que ia logo embora
quando a música acabava. Percebíamos
que era normal: a Carta foi efetivamente a música que por qualquer
razão ultrapassou as fronteiras do publico que seria esperado para uma
banda nova de rock.
Foi o
segundo single, logo depois do “cenário”, do primeiro álbum dos
Toranja. Já nessa altura começávamos a encher pavilhões desportivos nas
festas universitárias, mas depois de termos ganho o globo de ouro de
melhor canção a coisa mudou de figura. Antes de a gravarmos, a “Carta”
demorava aproximadamente 10 minutos.
O último
verso (...ainda magoas alguém...) era repetido a seguir a cada refrão.
Numa onda “Lou Reediana” lembro-me de a tocar a primeira vez para o
publico sentado no relvado do palco secundário do Festival Vilar de
Mouros.
No
pico daquela calma tarde de verão foi a maior ovação do concerto e o
primeiro sinal de que a canção teria um caminho longo. A versão mais
polida e editada gravada um ano depois em CD com a ajuda do produtor
João Martins, veio provar isso mesmo.
Em
menos de nada a “carta” deixou de ser uma canção minha para passar a
fazer parte da vida de muitas outras pessoas, com outras vidas, outros
olhares, outros gostos, e principalmente outras interpretações do que
eu tinha escrito naquela manhã ainda em casa dos meus pais. Foi talvez o
principio oficial da minha carreira como músico e a prova clara de que
a Arquitectura ia ter que esperar mais uns aninhos...
Para
tocar comigo esta versão ao vivo quis ter ao meu lado o meu amigo e
guitarrista dos extintos Toranja, Ricardo Frutuoso. Esta nova gravação
acústica e rearranjada, trouxe inesperadamente nova vida à Carta e mais
uma vez a certeza de que as canções mais simples, por vezes, são as que
resistem ao tempo." (Tiago Bettencourt)
http://adfoc.us/9126013547571
ou
http://j.gs/1dlo
ou
http://j.gs/1dlp
ou
http://j.gs/1dlq
0 comentários:
Enviar um comentário